sábado, 16 de maio de 2015

Presenteie...




O presente dado em segredo abate a ira, e a dádiva às escondidas aplaca a indignação. 


Provérbios 21. 14




No mundo espiritual, o mais importante, no que se refere a presentear, a maneira como fazemos. Isso porque o calor do presente não é decidido por nós, pois os presentes são bens espirituais e não materiais. Nesse artigo, vamos estudar a forma correta de dar esses presentes.

Em Mateus 6. 1 - 18, Jesus ensina que são também pertinentes aos cristãos as três principais expressões de piedade do judaísmo: dar esmolas, orar e jejuar. 
Contudo, mostra que a diferença deve estar no modo como são praticadas, no que as motiva. Adverte que devem ser realizadas sem ostentações, sem o desejo de receber louvores.

O fariseu era constantemente chamado de hipócrita por Jesus. O significado dessa palavra de origem grega é ator; ou seja, o fariseu exibia a religiosidade que no fundo era falsa; ele representava, como um ator, sua suposta santidade, buscando o aplauso da "platéia", ou seja, do povo.
Ainda hoje, vemos muitos deles em nosso meio. São pessoas que têm aparência religiosa, vestem-se com pompa, falam macio, mais parecendo pessoas de outro mundo, e quando praticam alguma caridade fazem de tudo para que todos saiba.


Era característica do fariseu chamar atenção para si quando ia entregar uma dádiva (v. 2) também era seu costume escolher lugares públicos para orar (v. 5). Dirigia-se a Deus da mesma forma que os gentios (não-judeus) aos seus deuses, repetindo palavras e dizendo coisas sem sentido, julgando que, com isso, suas petições seriam atendidas. Além disso, fazia questão de desfigurar o rosto para mostrar que estava jejuando; para isso, usava até cosméticos que o faziam parecer morto (v. 16). Tudo isso para chamar atenção; todo esse exibicionismo para que dissessem: "Que homem religioso!" O quadro se repete ainda hoje, com mais ou menos os mesmos disfarces ou atrativos.

Lembro-me de um caso verídico narrado por um irmão-pastor. Em sua igreja, uma família se viu, da noite para o dia, totalmente desamparada. O pai da família, um empresário falido, fugiu para a casa da amante, em outro estado, deixando a esposa e dois filhos pequenos para enfrentarem sozinhos todos os credores. Pois bem, a igreja se mobilizou e os membros cotizaram-se para saldar os aluguéis e outras dívidas pessoais atrasados. Outra irmã, que tinha uma pequena casa nos fundos, abrigou gratuitamente aquela família. Um outro, que era dentista, empregou a mulher como sua assistente, e assim todos iam ajudando a reerguer aqueles irmãos.

Era comum alguém fazer uma compra no mercado e mandar entregar, anonimamente, no novo endereço dos irmãos em dificuldade. Mas dentre os que ajudavam, havia uma senhora, por sinal uma diaconisa, isto é, uma obreira, que toda vez que mandava alguma coisa, dava um jeito de fazer todo mundo saber o que ela havia feito. Seria muito melhor, então, que aquela diaconisa levasse pessoalmente seus donativos aos carentes. Mas não. Ela se comportava como os outros, isto é, mandava entregar a contribuição anonimamente, mas depois ficava inventando meios de fazer conhecido o seu gesto. Isso é farisaísmo. E do mesmo modo que enoja em relação a bens materiais também causa repulsa quanto às coisas espirituais.

Sobre esse tipo de pessoa, Jesus afirma no versículo 6: 
Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
Esse comportamento mostra um total desconhecimento da pessoa de Deus, pois Ele não vê como o homem, não olha o exterior, mas sonda o coração ( v. 4, 6, 18). É impossível alguém enganá-Lo, pois Ele conhece até a intenção com que fazemos ou deixamos de fazer algo.

Conhece o Deus de teu pai e serve-o com um coração perfeito e com uma alma voluntária; porque esquadrinha o SENHOR todos os corações e entende todas as imaginações dos pensamentos; se o buscares, será achado de ti; porém, se o deixares, rejeitar-te-á para sempre.
I Crônicas 28. 2

Não estou dizendo que só podemos ajudar os necessitados às escondidas, sem sermos vistos, como se estivéssemos fazendo algo errado. Como conseqüência de nossas obras sociais, naturalmente, somos vistos pelos homens ao auxiliarmos os que precisam. O problema não está em ser visto ou não, mas na intenção do coração. Se o fazemos com intenção de aparecer, de receber elogios, já recebemos nosso galardão aqui na Terra; mas, se o realizamos com amor, buscando ajudar a quem precisa, Deus está vendo e nos recompensará, quer recebamos ou não a aprovação humana. Aliás, quando não somos vistos fazendo alguma coisa pelos necessitados, o próprio mundo nos condena, pois sabem que essa também é missão da Igreja.
Nos dizeres de Levertoff, "embora os discípulos devam ser vistos praticando boas obras, eles não devem fazer boas obras com o objetivo de serem vistos".



TEM  DE  SER  DADO  EM  SEGREDO

Se enviar presentes é orar por alguém, abençoando-o de tal modo que, às vezes, temos de lutar em oração, então a Palavra nos instrui acerca de como ele deve ser enviado.

Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto. E teu Pai, que vê secretamente, te recompensará.
Mateus 6. 6

O presente que atinge o destinatário, que tem valor, é dado em secreto. Há algo muito interessante no significado da palavra quarto ou aposento (v. 6) no original grego (tameion).
Ela era empregada para designar uma espécie de depósito, uma sala secreta em que somente o dono da casa entrava e na qual se guardavam os tesouros. Dessa forma, o Senhor Jesus estava querendo dizer que no lugar secreto onde oramos há tesouros reservados por Deus a nós.

Explicando melhor: o lugar secreto é o nosso coração, onde guardamos os nossos bens. Devemos, ao orar, entrar no profundo do nosso ser, descobrindo-o para o nosso Deus, pondo de lado todos os nossos desejos e vontade colocando-nos prontos para fazer a vontade dEle. Quando o coração estiver bem aberto para o Senhor, nós devemos orar.

O nosso lugar secreto é como o Santo dos Santos, o lugar separado por Deus no Antigo Testamento, onde ficava a Arca da Aliança, no qual somente o sumo sacerdote entrava uma vez por ano (Hb 9. 1-15). Hoje, o nosso aposento pode ser o Santo dos Santos, o lugar de encontro com Deus, onde Ele nos revela a Sua vontade.

Quando você der presentes, não o faça com interesse de receber algo dos homens, nem para sentir aquela sensação gostosa de realização, em que você venha dizer: "Puxa, eu sou o máximo; tenho feito exatamente como o Senhor quer". Também não "toque trombetas", pois, senão, o presente não chegará até a pessoa. Mesmo que o presenteado nunca reconheça que você é o responsável pelas boas coisas que aconteceram a ele, lá no céu, o nosso Deus haverá de recompensá-lo.



O que tendo eu visto, o considerei; e, vendo-o, recebi instrução.
Provérbios 24. 32


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